O impacto da crise financeira para a classe média
Não é de hoje que manter o orçamento familiar em dia é um desafio enorme, principalmente para uma imensa e desprotegida parcela da população brasileira que sofre com a ausência do Estado: a classe média.
Infelizmente, nossas políticas públicas econômicas e sociais costumam ignorar a importância da classe média enquanto consumidora e geradora de riquezas. Ao contrário: a classe média é vista apenas como uma fonte pagadora de impostos, ou ainda, um tipo ideal de contribuinte que paga por tudo e usufrui de quase nada. Senão vejamos:
1) Educação
Não existem vagas nas creches e nas escolas da rede pública para todos, sem contar que a população de baixa renda tem preferência na ocupação. Deste modo, resta a classe média buscar vagas no ensino privado, obviamente pagando do próprio bolso. A conclusão a que se chega é que a Educação - que supostamente é um direito assegurado pela Constituição - é restrita e seletiva e, portanto, obriga alguns a desembolsarem em duplicidade aquilo que teoricamente deveria ser custeado pelos impostos.
2) Saúde
Assim como ocorre na Educação, a rede pública de Saúde também não consegue absorver a demanda da classe média, que precisa recorrer aos convênios ou à rede particular se quiser obter um serviço de qualidade. Novamente, a contrapartida dos impostos é nula, para dizer o mínimo. A situação pode se tornar insustentável em curtíssimo prazo, pois, se o desemprego continuar aumentando, mais pessoas deixarão de ter acesso à Saúde por meio dos convênios, o que irá sobrecarregar ainda mais o S.U.S..
3) Segurança
A questão de segurança pública é um capítulo a parte na sociedade brasileira. Todas as classes são afetadas pela falta de segurança, porém, para os mais favorecidos existem algumas alternativa capazes de "minimizar" a sensação de completo abandono e de obscuridade genelarizada, fruto de anos de passividade do Estado frente a esta causa tão delicada e que precisa ser enfrentada com urgência.
Conclusão: para quem não pode morar num condomínio de luxo, ter segurança privada e andar de carro blindado, resta a opção de recorrer ao Divino trancado dentro de casa (enquanto a mesma não for tomada pelo banco por falta de pagamento!).
4) Transporte
Fazer "sobrar" algum dinheiro no orçamento para as imprescindíveis despesas com transporte é outro enorme desafio da classe média. Na imensa maioria das cidades brasileiras o transporte público é de péssima qualidade e o custo cobrado supera os das cidades mundialmente conhecidas como bom exemplo de mobilidade (ex. Londres e Nova Iorque). Mais uma vez quem paga a conta são aqueles que precisam escolher entre comprar comida ou usar o transporte público para ir ao trabalho. Escolha difícil, não?
Pela brevidade os grupos Habitação e Moradia (que inclui das despesas com alimentação) serão objeto de um estudo à parte.
Crescimento já!
A retomada do crescimento da economia depende da recuperação imediata do poder de compra da classe média. O fato é que enquanto não houver uma recuperação real dos salários - principalmente para as famílias de classe média - dificilmente o país sairá da crise.
Passou da hora da classe média ser vista apenas como coadjuvante, quando na verdade é a grande protagonista de qualquer transformação social. Afinal, quem é que sempre paga a conta?
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