Endividamento: Saiba como renegociar uma dívida sem comprometer o seu orçamento
Uma dúvida bastante comum para quem necessita renegociar uma dívida é saber quanto da renda pode ser usado no parcelamento sem comprometer excessivamente o orçamento.
Para isso ANTES é preciso conhecer o 'tamanho' real de cada dívida, ou seja: o saldo devedor total (parcelas em atraso), o número de parcelas a vencer e, principalmente, o C.E.T. (Custo Efetivo Total), que significa o valor final a pagar considerando os juros e custos financeiros ao longo do tempo.
É importante lembrar também que cada modalidade de crédito possui características específicas de renegociação que - além dos custos financeiros envolvidos - possuem implicações legais por inadimplência. Alguns tipos de dívida podem, inclusive, acarretar na perda do bem, como geralmente ocorre nos casos dos financiamentos de equipamentos, veículos e de imóveis.
Procure renegociar ANTES de ficar inadimplente
Quando sabemos que não teremos como honrar um compromisso já assumido o melhor a fazer é procurar o credor e deixá-lo ciente da situação antes da inadimplência.
Quem renegocia antes de ficar inadimplente obtém uma vantagem adicional: a boa vontade do credor e a possibilidade de manter o nome "limpo" na praça por mais tempo.
É natural que a situação cause um desconforto para ambas as partes, porém, ao saber que terá dificuldades para receber o seu crédito no prazo e na forma combinada o credor pode reavaliar o negócio e buscar uma solução que evite que a questão saia do controle e leve anos no judiciário. Neste momento é fundamental que o provável devedor saiba exatamente quanto e como pode pagar pois, do contrário, o credor poderá entender a proposta como uma atitude de má-fé protelatória e desistir de renegociar.
Dê prioridade às dívidas mais caras
Quando as dívidas são com vários credores o ideal é priorizar o pagamento daquelas com os maiores CETs como, por exemplo, as dívidas com cartões de créditos e cheque especial. Não basta apenas observar o valor da dívida e a taxa de juros mensal, pois é preciso saber o valor total final. Além disso, é importante avaliar também as consequências do não pagamento.
Saiba quanto pode pagar
A negociação deve ser precedida de um levantamento minucioso do total de dívidas existentes, das receitas prováveis, do patrimônio pessoal/familiar e, acima de tudo, da disposição de rever o estilo de vida durante a fase de ajuste financeiro, afinal, de nada adianta propor uma renegociação se logo em seguida o devedor ficar inadimplente novamente.
Nos casos mais críticos muitas vezes a única saída está na venda de um ou mais bens. Considere essa possibilidade na sua análise. Vale tudo para sair do endividamento e, literalmente, recomeçar a viver.
Enxugue as despesas
Outra dica importante é não contrair novas dívidas até que a situação volte à normalidade. Aproveite esta fase para rever seus hábitos em relação ao uso do dinheiro.
É muito comum haver descuidos, pois até que a nova realidade financeira seja incorporada ao dia-a-dia do devedor/família é necessário um longo período de ajustes. Mais do que nunca nestas horas é imprescindível cortar despesas e economizar o máximo possível. Além disso, toda possibilidade de aumento das receitas - como um trabalho temporário - é bem-vinda.
Prazo x Juros
Vale a pena aumentar o número de parcelas (ainda que isso signifique pagar mais juros!) para reduzir o valor do pagamento mensal?
Embora esta saída não seja a ideal - uma vez que pagar mais juros nunca será a melhor opção! - muitas vezes esta alternativa torna as coisas "menos difíceis" para o devedor, principalmente quando existem várias dívidas e com credores diferentes. Ao aumentar o prazo e reduzir o valor da parcela das suas dívidas o devedor terá maiores chances de conseguir manter o fluxo de pagamentos em dia e sair do endividamento em médio prazo.
Qual o percentual máximo da renda que pode ser comprometido com o pagamento de dívidas?
A resposta irá depender da situação financeira do devedor como um todo, bem como do valor total devido e dos tipos de dívidas existentes. Regra geral, comprometer além de 30% das receitas é bastante arriscado.
Vale lembrar que quanto maior o percentual de renda comprometido com financiamentos de médio e longo prazo, maior será o risco financeiro do devedor e, consequentemente, a sua vulnerabilidade orçamentária e patrimonial.
De qualquer forma, o primeiro passo será determinar o valor disponível APÓS ajustar o orçamento para, em seguida, eleger os compromissos prioritários.
Organizar as dívidas facilita esta importante tomada de decisão. Por exemplo:
Orçamento Doméstico | ||
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Fluxo Financeiro | Valor | Comentários |
Receita Mensal Total | R$5.000,00 | Receita mensal máxima (incluindo antecipação de 13º salário e férias) |
Despesa Mensal Total | R$4.000,00 | Despesa mensal após ajustes e cortes de gastos supérfluos |
Saldo | R$1.000,00 | Disponibilidade mensal para pagamento de dívidas |
Dívidas Existentes | ||
Tipo de Dívida | Valor | Taxa de Juros* |
Financiamento de Veículo | R$4.000,00 | 28,5 % aa |
Financiamento Imobiliário | R$16.000,00 | 15% aa |
Cartão de Crédito | R$6.500,00 | 400% aa |
Cheque-especial | R$3.500,00 | 13% am |
Empréstimo Pessoal | R$2.000,00 | 6,5% am |
Carnês e crediários em aberto | R$1.000,00 | 1,5% am |
Total de Dívidas | R$33.000,00 | |
* Nota: valores e percentuais meramente ilustrativos |
DICAS:
- Começar pelas dívidas mais caras (maiores CETs) sempre será a melhor opção;
- Observar cuidadosamente as taxas de juros mensais e anuais;
- Ajustar as parcelas deixando uma folga no orçamento para imprevistos;
- Se as principais dívidas forem com financiamentos imobiliários e de veículos o ideal é avaliar a possibilidade de distrato (imóveis) e até a devolução do veículo.
Por fim, o importante é não desanimar! Imprevistos acontecem para todos. Tenha em mente que em se tratando de dinheiro sempre há solução.
Boa sorte!
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