Gestão do Capital de Giro: o grande desafio do empreendedor iniciante
Um dos principais desafios dos empreendedores iniciantes diz respeito a gestão financeira do negócio. Não por acaso, milhares de empresas encerram suas atividades antes mesmo de completarem dois anos, ainda que as dívidas contraídas para a realização do sonho demorem bem mais do que isso para serem pagas.
Ocorre que a maioria dos empresários de primeira viagem dá pouca importância para a etapa de planejamento do empreendimento, e logo percebe o equívoco.
Independente do ramo e do porte é imprescindível avaliar de forma detalhada e racional a viabilidade técnica e financeira da empreitada ANTES de investir qualquer quantia, do contrário, o prejuízo poderá ser enorme e, geralmente, irreversível.
Neste texto trataremos de uma rotina diária comum a qualquer negócio e que está entre as 'campeãs' em termos de dúvidas relativas ao controle do Caixa:
O lançamento de receitas a prazo (compras parceladas).
Imagine o seguinte exemplo:
No início do mês você efetua uma venda de R$1.200,00 a prazo (três parcelas no cartão de crédito). Neste período sempre há muitas contas para pagar e, além disso, devido à crise, você está tendo que administrar a inadimplência de clientes antigos que costumavam ser bastante pontuais. Resultado: gastou todo o seu CCL (capital circulante líquido) - popularmente chamado de Capital de Giro - para honrar seus compromissos com a folha de pagamento e reposição do estoque e agora está tendo muita dificuldade para manter a empresa funcionando.
O esquema a seguir dá uma ideia de como a receita bruta desta venda entrará no Caixa:
Período | Mês 1 | Mês 2 | Mês 3 | Mês 4 |
Forma de Pagamento | Crédito Parcelado | parcela 01 | parcela 02 | parcela 03 |
Valor Total da Venda | R$1.200,00 | R$400,00 | R$400,00 | R$400,00 |
Saldo a receber | R$1.200,00 | R$800,00 | R$400,00 | R$00,00 |
Disponibilidade em Caixa (acumulado) | ZERO | R$400,00 | R$800,00 | R$1.200,00 |
Conclusão:
Apesar da venda ter ocorrido no mês 1, você só começará a receber o dinheiro no mês 2, lembrando ainda que terá que descontar os impostos, os custos operacionais e o custo da mercadoria vendida para, então, obter o seu 'lucro'. Somente no mês 4 esta venda estará finalizada (perfeita). Até lá - de alguma forma - você terá que ter recursos adicionais suficientes para manter a empresa aberta e as despesas fixas e variáveis em dia, senão...
Antecipação de Recebíveis: saída cara, porém, muitas vezes necessária
Cientes da imensa dificuldade e dos inúmeros obstáculos gerenciais enfrentados por aqueles que - apesar de tudo! - decidem empreender no Brasil, nossas instituições financeiras oferecem uma alternativa cara, porém, necessária para a sobrevivência de muitos negócios: a antecipação de recebíveis.
Na prática, funciona assim: o agente financeiro desconta um valor percentual dos créditos das receitas a prazo e disponibiliza o recurso à vista para a empresa utilizar como bem entender. As taxas variam muito de instituição para instituição, o que torna imprescidível que o tomador deste dinheiro pesquise bastante antes de aceitar qualquer proposta.
Ainda que eventualmente tal possibilidade seja interessante, essa modalidade de financiamento da operação pode tornar o negócio inviável, tendo em vista a redução da margem líquida e, consequentemente, da TIR (taxa interna de retorno) e do payback, o que pode tornar o empresário refém deste processo.
Nos casos mais críticos a última saída é recorrer aos empréstimos ou à venda de cotas para tentar dar um 'fôlego' novo ao negócio, mas sobre isso falaremos em breve.
Bons negócios!
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