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URGENTE: procura-se um 'braço direito'

Tem algo muito estranho acontecendo no mercado de trabalho. Me refiro especialmente ao comportamento de alguns profissionais mais jovens, das gerações 'bem informadas'.

Ultimamente tenho a impressão que passar o dia inteiro conectado às redes sociais e parecer atualizado sobre o que acontece mundo afora passou a ter mais valor do que 'vestir a camisa' e, a partir daí, conquistar objetivos pessoais e profissionais realmente significativos. Há quem afirme que é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Talvez.

A justificativa para o desapego quase sempre é a mesma: o mundo de hoje está muito mais veloz e, portanto, não há tempo a perder (como se mais velocidade significasse mais qualidade!).

Um amigo próximo que é expert em recursos humanos costuma dizer brincando:

"- No meu tempo eu 'pagava' para aprender, tamanha era a minha curiosidade e paixão pelo conhecimento. Hoje, até o estagiário tem pressa. Já entra querendo ser vice-presidente."

Inevitável fazer uma reflexão:

  • Teria o antigo sonho de fazer carreira numa empresa e crescer junto se tornado algo desinteressante ou, pelo menos, pouco 'excitante', 'radical', 'da hora'?
  • Será que as novas gerações não estão dispostas a aprender um passo de cada vez e a evoluir profissionalmente vivenciando as experiências e desafios do MBA da vida real?

A exceção se dá em relação ao interesse pelo serviço público, uma vez que este segmento vive um fluxo contrário.

A quantidade de jovens concurseiros faz crer que a dita estabilidade compensa a repudiada mesmice, ainda que isso implique em sepultar projetos pessoais e seguir a cartilha das perspectivas, digamos, "menos excitantes", em troca de uma segurança limitante e subjetiva, escolha no mínimo contraditória em se tratando de uma geração que vive no 'país do empreendedorismo' e que diz dar tanto valor ao tempo e aos sonhos.

É como eu disse no início: tem algo muito estranho acontecendo no mercado de trabalho.

Todos têm o direito de ir atrás dos seus sonhos!

Que fique claro que NÃO estou generalizando. O que está sendo dito aqui não é nada contra o direito (e o dever!) das pessoas - jovens ou não - buscarem, a qualquer momento, aquilo que consideram o melhor para elas. Não há nada de errado em mudar de opinião, de emprego, de profissão, de país, etc. Pelo contrário! Acredito sinceramente que tudo isso é muito saudável e que contribui para o nosso amadurecimento.

O objetivo deste texto é simplesmente fazer um alerta a respeito de certas atitudes que considero incapazes de contribuir positivamente para os resultados esperados e que, portanto, talvez expliquem o motivo de tantas pessoas não se sentirem realizadas profissionalmente e, consequentemente, em suas vidas.

Não resta dúvida que mudanças comportamentais podem trazer contribuições benéficas para a sociedade. No meio profissional não é diferente. Contudo, atitudes imaturas como a de querer que as coisas aconteçam da noite para o dia e/ou ficar pulando de 'galho em galho' sem demonstrar nenhum envolvimento ou disposição para suportar os inúmeros NÃOs que a vida nos dá diariamente não me parecem as melhores alternativas para alcançar o sucesso.

Um profissional bem sucedido - no sentido mais amplo da palavra - precisa ser muito mais do que um belo selfie, check-in ou perfil popular em alguma rede social, e isso implica em saber reconhecer e a dar valor as oportunidades.

Até que ponto um alto salário segura um bom funcionário?

Apesar do medo do desemprego diante da imensa dificuldade de recolocação, a rotatividade no mercado de trabalho continua crescendo num ritmo sem precedentes. Nem mesmo os altos salários estão conseguindo evitar essa tendência. Com isso, está cada vez mais difícil encontrar um 'braço direito'.

Mesmo entre os recém contratados é comum perceber que existe uma pré-disposição para largar tudo a qualquer momento. Esse movimento intriga recrutadores, gestores e empresários, principalmente por não estar diretamente relacionado à crise financeira e, sim, a um novo comportamento. 

Seria isso um indício que a tão festejada velocidade dos tempos modernos gira cada vez mais em torno do bônus como se não existisse o ônus?

Nada surpreendente em tempos de excesso de direitos e de poucos deveres. É como se a felicidade tivesse que ser instantânea e eterna, como nos contos de fadas.

É notório que está cada vez mais difícil encontrar pessoas REALMENTE DISPOSTAS a dar o sangue por uma empresa, o que torna a existência e o futuro de muitas organizações incerto.

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Não adianta culpar as gerações X, Y, Z ...

Não existem culpados! O desafio está em encontrar o equilíbrio, conceito complexo para ser explicado para os mais apressados.

A dificuldade de formar equipes comprometidas não é exclusiva dos pequenos negócios (ainda que nestes casos as consequências sejam devastadoras). As grandes corporações também sofrem com isso. Não resta dúvida que é preciso compreender os anseios e as necessidades das novas gerações, porém, sem baixar a cabeça e aceitar a mediocridade.

A situação é mais grave nas Empresas Familiares

A dificuldade de manter profissionais qualificados e com disposição para 'vestir a camisa' é ainda maior nas organizações familiares.

Com recursos limitados e perspectivas geralmente mais modestas, nestas empresas o desafio de formar times comprometidos é uma missão quase impossível. Sem planejamento sucessório e capital humano adequados a continuidade dos negócios fica seriamente comprometida.

Resta saber o que será de milhares de micro e pequenas empresas, responsáveis por milhões de empregos diretos e indiretos, quando não houver mais pessoas dispostas a fazer valer a pena.

A boa notícia é que sempre haverá oportunidade para quem se dispõe a vestir a camisa.

Fica a nossa dica!

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Comentários

  1. Em questão de achar um braco direito que a empresa precisa não ela não teria uma parte da culpa por não querer qualificar o funcionário, e um pouco de culpa do funcionário por não querer correr atrás, e em questão das empresas familiares é que misturas muito as questões de família coma a da empresa

    Daniel Ferreira Vaz
    Convênio: SENAI Curitiba - Boqueirão 2017

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